Vagam verdades no porão
Vagam as cegas
tropeçando no silêncio e na indiferença dos homens.

Vagam verdades no calabouço
amarradas aos grilhões da conveniência,
adestradaspela intenção de civilidade.

Quem pode conviver com a verdade e
não encarar soberano a própria solidão?
Quem pode se furtar ao reconhecimento tácito e
não hesitar em responder?

Todas as verdades continuarão, ainda que todas
as mentiras e farsas triunfem..
ainda que o teatro das conveniências
seja explícito, robusto e bizarro...

O que adianta a máscara que encobre no rosto
os sentimentos
se estes vivem, crepitam e se consomem
todos os dias,
todos os momentos,
numa eternidade reta e perfurante.

Vagam verdades no subsolo,
entre os despojos dos mortos,
entre as lembranças moribundas,
entre os espólios de guerra.

Uma medalha enferrujada.
Um anel de brilhante velho.
E a certeza misteriosa que tudo passou.
O vento passou...
As folhas amassadas dos outonos.
O inverno írrito
mas que congelou na alma
o fascínio pelo veraz.

Vagam escravizadas as verdades.
Não interessa o tempo, valores ou paradoxos.
Há no cais de loucuras, verdades flutuantes
de uma filosofia intensa
e escrita à mão
na existência humana.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 09/10/2015
Reeditado em 09/10/2015
Código do texto: T5409034
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