Primeira pessoa

PRIMEIRA PESSOA

Livre como os cavalos nos desfiladeiros, selvagem

tece teias como as aranhas apanhando suas presas

arremete-se por estradas poeirentas

acaricia os pássaros em voo.

Sua solidão não se rompe

nada muda na paisagem de seus olhos

morta de um cansaço em outro além de tudo

a morte anuncia-se em lampejos de luzes tremeluzentes.

As cadeias em círculos concêntricos

nunca saiu de onde nasceu

como árvores amarelecidas pelo tempo

as palavras embotam-se

os objetos permanecem

as ruas escondem mentiras

sua sensibilidade controla o empobrecimento da verdade

mente a todo o momento.

Prisioneira em seu túmulo confortável e triste

prisioneira seus laços cadeias elos sem fim e alegria

ousa e recua em táticas desconexas

apenas vai sendo carregada pelo vento em seu rosto.

Seu luto esvai-se em pérolas jogadas aos porcos

seu nome parece não ter significado

sua imagem, nos reflexos das janelas, é lastimável

em solitário abandono dentro de si mesma.

Meus dedos doem

minhas mãos finalmente se acalmam.

PARA AS MULHERES DO MEU PASSADO

Magda L Carvalho
Enviado por Magda L Carvalho em 21/10/2015
Código do texto: T5422252
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2015. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.