PIRÃO DO MESMO.

PIRÃO DO MESMO.

Eu tô cheio desse cheiro.

Que o vento nunca apaga.

Saco inchado dessa fera.

Que só anda em perna alheia.

Dessa língua desastrosa.

Que arrebenta nossa veia.

Não há nada nesse front.

Nesse céu de brigadeiro.

Este mar tão azulado.

Que esconde seus mistérios.

Ao longe nem tão distante.

Entre o léu e o horizonte.

E brigo comigo mesmo.

Um Quixote desastrado.

Voando pelos meus sonhos.

Mastigando o torresmo.

Tentando de qualquer jeito.

Sair do pirão do mesmo.

Sinto-me um ser tão pequeno.

Ainda que eu não queira.

Sou fragmento do cosmo.

Eu sou poeira de estrela.

No meio de tanto idiota.

No centro de tanta besteira.

Aquele cheiro gostoso.

Do feijão feito a esmo.

Não é a mesma toada.

Cantada pelo tropeiro.

Alguma coisa difere.

Nesse céu de brigadeiro.

Queria ser o Fantasma.

Lutar como Bruce Lee.

Olhar como olha Huble.

Ver coisas que nunca vi.

Voar como Super-homem.

Pairar como colibri.

E aquele cheirinho gostoso.

De café torresmo e feijão.

Desperta a minha alma.

Acalma meu coração.

E traz a realidade.

Cantando a velha canção...

Imagine the people...

Honorato Falcon
Enviado por Honorato Falcon em 27/06/2007
Reeditado em 14/07/2011
Código do texto: T543448