O ACRE OCRE DO INDIO MORALES. (MEU REINO POR UM CAVALO)
O ACRE OCRE DO INDIO MORALES. (MEU REINO POR UM CAVALO)
Meu álbum de figurinha.
Troquei por velho pião.
Com ele ganhei as calcinhas.
Da Maria do grotão.
A doce Geni do meu bairro.
Que transava com todo mundo.
Não escapava nem cego.
Nem perneta, e moribundo.
E toda vez que do ato.
A heroína saía.
Corria pro chafariz.
Tomar seu banho, e feliz.
Cantava a música tão bela.
Que só ela mesmo sabia.
Que aprendeu com a vó.
Que tinha deixado pra tia.
Estar colado com ela.
E a canção linda, afim.
Sob o luar de estrelas.
Sobre a cama de capim.
Sonho-te quase desnuda.
Cantando coisas assim.
Desnuda só de calcinha.
Chorando em cima de mim.
E lembro o Acre que o índio.
Um dia diz que trocou.
Levando certo cavalo.
Deixando rios e amor.
Mares florestas encantos.
Tudo por raro corcel.
Um pangaré de matuto.
Quiçá trotando no o céu.
E o índio Morales cantou.
No centro da sua aldeia.
Tampou o buraco que exala.
Um cheiro ruim que tonteia.
Lembrou que o eqüino trocado.
Deixou chorando seu pai.
Agora eu tenho cavalos.
E a tribo semeia o gás.
Que acenda o candeeiro.
Aquele que me pagou.
Que atire a primeira pedra.
Aquele que me robou.
Não troco o meu fluido.
Por pangaré de ninguém.
Eu vou fumar meu cachimbo.
Na oca, eu e meu bem.
Não sei onde essa retórica.
Encaixa a doce geni.
Agrupa o meu pião.
Encarta o meu gibi.
Meu álbum de figurinha.
Rodou feito o Acre ocre.
Não acho nenhuma rima.
Ainda que o trato se troque.
Não tem sentido esse enredo.
Tirado de um jornal.
A moça imaginária.
Que lembra o Chico e tal.
Recorda a bela Bolívia.
E o vasto campo de sal.
A índia de pele enrugada.
Que canta seu hino afinal.
E o presidente mestiço
Lembra-me a bela Geni.
De cima de seu cavalo.
Não sabe se chora ou se ri.
Se troca sua figurinha.
Se roda o belo pião.
Beijar o índio Morales.
Tocar o seu coração.
E quem entendeu essa trama.
Que jorra do fundo da terra.
Esquente na sua chaleira.
O doce café dessa guerra.
O Acre ocre do índio.
O manco burro da serra.
O doce prazer da menina.
E o diz que diz da esquina.
Acabou-se o que era doce...
Quem quiser que toque outra...