FACES D' ALMA.
Quantas faces tenho, que não vejo?
Que desejo, apenas, ter e não mostrar...
Um saber se é certo e verdadeiro...
E por inteiro o desejo de amar...!
Face oculta desta alma que não chora,
Pensando em quanto foi feliz outrora...
Face d' alma que lamenta e que implora
Pelo simples desejo de poetar...
Faces que escorrem do canto de minha boca,
Quase louca, de um coração, que sossobrou...
Por mais que insista é face e não espelho,
Que só mostra desta boca o amargor...
Cisco d'olho que incomoda, que atrapalha,
Que espalha ternura e lentidão...
É a face mais oculta de uma vida,
Que revela não, apenas, emoção...
Face d'alma que viveu o seu passado,
Tão penoso e esgotado que acabou...
Se chorou, se viveu, se remoçou,
Não importa, vela morta, de uma alma que chorou...
Esta face é minha fantasia,
Vem vestida de amor e de alegria...
Tem instantes, não a eterna poesia...
Ela vive, ela sonha, ela encerra...
Não é prisão, não é canto ou agonia,
É a face da criança que sonhou...
Que encontrou o ninho do carinho
E esbarrou na tristeza que ficou...
É a face que define minha vida,
Que absorve o pensamento que vingou...
É a face da tristeza transformada
Numa crença, em que não se acreditou...
Quantas faces tenho, eu nem sei qual que sobrou:
Se a da verdade, a do sonho, qual restou...
Se eu sou a esperança nesta vida,
Ou, apenas, a face oculta e mais querida
Da saudade, da ferida que matou!
(às 00:15 do dia 07/07/2007)