SAPATEADO
Vejo-te alí, linda em vestes de seda
Teu corpo frágil, belo e perfumado
Como se perdido em outra vereda
Esperando o contato do teu amado
Lembro do teu sorriso transparente
Era tão difícil vê-la assim, sorrindo...
No fundo, tinha medo de gente
Por isso, vivia sempre fugindo.
Tua vida era uma eterna nostalgia
E, nem tu sabias de que tinha saudade
Como a buscar uma sombra fugidia,
Expulsava de ti, toda a humanidade.
Sonhava um lindo balett, um sapateado
Imaginava teu corpo flutuando no ar
Nos braços do bailarino enamorado,
Sapateando em tua frente, sem parar.
Eis que de repente, a música parou
Agora, vejo tua face desesperada
O sonho dentro de ti calou
Não tem amor, nem perfume, nem nada...
A doença e a dor tomaram conta de teu ser
Teu desejo agora é tudo queimar
Meu Deus! Eu assim, não queria te ver...
Tua alma precisa sossegar.
Parei na contramão da saudade,
Como queria e, tentei te dar aconchego
Mostrar que em mim encontrarias solidariedade.
Porém, insistias em perpetuar teu degredo.
A Bioética faz diferença entre estar morto e morrer
Agora, nem a ciência mais te importa.
Tu simplesmente, já não querias viver.
E, na verdade, há muito tempo já estavas morta.
Mas, vives dentro de mim
Onde continuas a bailar
No sapateado sem fim
Até... Até eu poder te encontrar.