AUTO ARQUEOLOGIA

Escavo mais e lá está, aprofundo, escavo... escavo...

escavo e lá está o escárnio, a ossada do que fui me sorri fóssil.

Para o fundo, escavo no futuro o pretérito.

É que eu ia na carne inconsciente da alma no altar do verbo.

Agora

'eu reverbera' na pele seca do medo monolito, ânsia mesozóica.

e nesta cova obra mal inscrita reencontro o que fui, ou que era

quem serei ou fora sob camadas pré-cambrianas de vontade inútil.

Por graça ou gana, de súbito ergo-me do profundo

e sobre este vasto túmulo-resenha rupestre

redescoberto sou novo homem saído de um altar desfeito.

*

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Baltazar Gonçalves

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 27/07/2016
Reeditado em 05/03/2019
Código do texto: T5710633
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