AUTO ARQUEOLOGIA
Escavo mais e lá está, aprofundo, escavo... escavo...
escavo e lá está o escárnio, a ossada do que fui me sorri fóssil.
Para o fundo, escavo no futuro o pretérito.
É que eu ia na carne inconsciente da alma no altar do verbo.
Agora
'eu reverbera' na pele seca do medo monolito, ânsia mesozóica.
e nesta cova obra mal inscrita reencontro o que fui, ou que era
quem serei ou fora sob camadas pré-cambrianas de vontade inútil.
Por graça ou gana, de súbito ergo-me do profundo
e sobre este vasto túmulo-resenha rupestre
redescoberto sou novo homem saído de um altar desfeito.
*
*
Baltazar Gonçalves