ALÉM DE TODAS AS COISAS
Prefiro estar em lugar algum.
De olhos perdidos, encontro
o gosto do nada na boca.
Despida de sonhos, descubro
quem nunca serei.
Largada ao lado, centro
meus olhos nas telas.
Recrio-me,
eis o meu recreio.
No que mais não creio,
recreio.
Reencontro as larvas
que me hão de engolir.
Sou essa carne impura,
o corpo sem sombras,
útero vazio,
vagina em flor.
Sou quem sou:
alma calma
na palma da mão de Deus.