SIDÉREO
Tempo sideral:
uma metáfora espacial.
Vacuidade absoluta,
o sem-fim do Universo,
movimento inercial.
Verso e reverso,
poeira cósmica,
nebulosas errantes,
o Cosmo em expansão.
Galáxias espiraladas,
quasáres órfãos,
cometas andarilhos.
Trilhões de estrelas
aglutinam-se ao redor de mim.
Ao fundo, um buraco negro
permanece sempre à espreita,
no aguardo de um facho de luz,
ou, quem sabe, esteja aguardando
a irradiação desprevenida
de minha luz interior.
Vago no espaço sideral
como se caminhasse pelo bosque
pontilhado de árvore ciclópicas
com clareiras esparsas
iluminadas pelo brilho do Sol.
Assim é minha jornada:
caminho pelo espaço de minha vida
como se vagasse pelo espaço sideral.
Vejo à minha frente astros diversos
que nada mais são do que seres humanos
a vagarem pelo Cosmo
procurando sabe Deus o quê.
Nossa caminhada é perigosa:
chuvas de cometas e meteoros
às vezes caem sobre nós;
são como que as dificuldades da vida
que precisamos vencer a todo custo.
Ao longe, milhões de sóis,
estrelas que integram outros sistemas,
parecem luzes providenciais
que iluminam nossa jornada.
Sim, a luz é essencial:
somente ela, tão frágil, tão delicada,
consegue vencer o gênio da escuridão.
Minha astronave é meu próprio corpo,
meus comandos são os meus sentidos,
como combustível me utilizo
de minha vontade de desbravar novos mundos,
pois é com a vontade que se luta
pela realização dos sonhos.
O sonho nada mais é do que
um quasar distante
que brilha intermitentemente
nos confins do Universo.
É preciso chegar lá para alcançá-lo.
Enquanto não se consegue conquistar o sonho
ele nada mais será do que uma ilusão.
Todo espírito deve se nutrir de um sonho:
somente quem sonha
possui uma luz interior
que ilumina sua jornada
neste caminho desconhecido
que é nossa existência.
Quasares = sonhos
Cometas = dificuldades
Buraco negro = perigo
Milhões de sóis = luzes
E-u c-a-m-i-n-h-o r-u-m-o a-o s-o-n-h-o!