AS DESPEDIDAS
AS DESPEDIDAS
Josa Jásper
Deixei, à força, o meu abrigo mais gostoso,
Que se tornou muito pequeno para mim
E me espremi, buscando espaço, esperançoso,
Quem cresce... nasce! A lei da vida é sempre assim!
Nasci chorando, mas ninguém se incomodava:
Só eu chorava minha triste despedida!
Minha parteira até julgou que me ajudava
No trauma imposto pelas luzes de outra vida!
O crescimento nos engrena à roda-viva
Que faz do feto, sem defesa, uma ciança;
Não lhe permite solução alternativa,
Nem há recuo: o corpo sofre, mas avança!
E a gente presa junto à mãe se recupera,
Suga o seu leite e novamente se incorpora
Àquele corpo que, em si mesmo, nos trouxera
E nos integra e agrega a si, mesmo por fora!
A gente cresce e se despede, novamente:
Já, sem protesto, se alimenta na colher...
Já se acomoda... Já não busca avidamente
A nutrição, mercê de um corpo de mulher...
E vão surgindo muitas outras despedidas:
A própria escola nos separa dos brinquedos...
A nossa infância e juventude são perdidas
E os acadêmicos se formam bem mais cedo!...
Mas, quando, um dia, a gente pára pra pensar,
A gente vê que as despedidas têm um fim!
E, quando a extrema despedida eu acenar,
Eu quero, em paz, então... me despedir de mim!