Um Poema Bonito.

Sonhei que encontrei

um poema esquisito

Perdido num muro

Canto escuro da avenida

Leve, suave e pulsante

Não posso lembrar

a tudo que estava escrito

Mas me fez enxergar

o princípio das coisas

E eu senti como pudesse

Saber o que não se entende

E entender a diferença

Entre como as coisas são

E o jeito que a gente pensa

Era a difícil arte de Deus

Na parte em que Deus, com Arte

Exerce o seu ofício

de ser Deus

Fazendo versos na luz

do Sol de toda manhã

Estrelas escondidas pelas nuvens

Assim como nós

Escondemos felicidade

Pra vivê-las mais tarde

E depois

Inutilmente a perdemos

Esquecendo-nos de viver

Universo ao avesso

Revelando o princípio

Terminando onde começa:

Num imenso quebra-cabeça

A desvendar os mistérios da exatidão

Poema bonito

Trazia o sinal do infinito

Ainda no meio

E o ponto final

Antes do fim

Lembrava um anátema

Sem maldizer a ninguém

Não tenho certeza

Se estava escrito

Só sei dizer que entendi

Que se eu tivesse o talento

de escrever algo tão bonito

Sem sombra de dúvida

Naquele momento

Eu seria bonito também

Edson Ricardo Paiva.