A bola de prata
Ao fundo, uma bola de prata no chão
Perto de lugar nenhum
Isolado em um sonho meu
Quando eu escuto .. a música, calma,
profunda e simples
Quer dizer ao mundo
Mas já disse tudo
E apenas se repete... em um delírio meu
E as imagens que criamos...
A bola de prata brilhante, e um menino
Em seus poucos anos
Em seu longo caminho
Escurecido .. pelo esquecimento
Adormecido, preso em um momento
De ilusão
Posso sê-lo, vê-lo ou apenas ter sido
Uma falsa memória, uma invenção
Do outro lado o mar imenso .. e a praia
Numa tarde solitária
Um céu parcial,
Uma luz turva,
Nuvens em reflexão
As ondas, molhando a areia
Vozes melancólicas de uma canção,
A maresia,
E as teclas sozinhas
De um sóbrio piano
Sinos que tocam o vento
O sentido nas mãos, soprando
O olhar distante
Uma outra dimensão
Não é trivial,
É a confirmação
O sentido mais pueril da vida
É o mais surreal
Vendo a bola de prata
Que agora domina o céu,
Os olhos de mel, pedintes,
Escondidos na escuridão..
A tarde que se foi com as nuvens
A noite, mais impossível e nua
Impenetrável aos olhos, que confunde,
Indomável, imperdível, sua
A bola de prata
E os pés descalços, que dominam a bola do destino,
Ondas que não encontram limites
Nada se perturba, a repetir-se lindo...
Homenagem à bela música ''Silver Ball'' de Brian Enno e Harold Budd