Ventre da Terra
Era uma viagem meio ancestral.
Foram mil passagens. Foi transcendental.
Muitas foram as vidas que eu percorri.
Da África trazida. Num navio eu vim.
Na barra da saia de minha mãe chorava.
Ela me acolhia, me tranquilizava.
Fez uma boneca de um pano rasgado.
Uma abayomi aos meus cuidados.
Cheguei na Amazônia, com muitas raízes.
No ventre trazia calor e crendices.
Uma índia mãe me abençoou.
Seus longos cabelos sobre os meus jogou.
Levou-me ao rio, um banho me deu.
Lavou o meu ventre, com amor benzeu.
Submersa em águas, no amor mergulhei.
Renasci da Terra... à Mãe me entreguei...