Metade de mim é dúvida.
Outra metade de mim é certeza
das incertezas solenes da vida.

Metade de mim é vidente.
Outra metade de mim é intuitiva
Acredita mesmo naquilo que
não pode ver.

Metade de mim é cética e racional
Outra metade é abstrata e sentimental
Metade de mim é rústica e natural
Outra metade é a seda mais fina,
o gosto mais refinado e 
o delírio mais sincero

Metade de mim quer força
Outra metade de mim quer sabedoria
Metade de mim é alma
Outra metade é corpo.

Uma metade quer colisão.
Outra metade quer solidão.

Espasmo no peito.
Movimento involuntário.
Inspiração conturbada

Metade de mim é poesia.
A outra metade é prosa.
Complexa e amarrada na
semântica contemporânea.

Um cais sem mar
Ou um mar sem cais.
O infinito que mergulha em 
si mesmo.
E se descobre finito,
humano e errático.


Se descobre
cotidianamente
metade da metade.

Ínfima e perdida na
profundidade do 
pensamento.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 14/03/2018
Reeditado em 15/08/2019
Código do texto: T6279804
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