O MEU INFINITO

somente o infinito para me guiar

sem margens paragens e descompassos

um caminho sem estradas para cruzar

nos abraços que teimei em não dar

nos beijos que transformei em laços

certezas que ficaram para me guiar

tudo se esvaiu por essa terra solta

sinto que os poros se fecharam

nada mais me faz lembrar de mim

sou apenas poeira decantada pelo ar

restos desse ser dão-me a última voz

num sibilar rente às nuvens brancas

infinitamente nutrido e só esvoaço

parcas partículas agregadas ao pó

não consigo mais olhar para trás

sinto-me suspirar infinito e incerto

é tarde para não querer voar

sou agora o mito da minha natureza

pertenço às regiões desabitadas

onde os abismos acolhem os deuses

peregrino de toda uma fé tamanha

vejo água e luz por toda a parte

por cima do sol nessa montanha

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 22/03/2018
Reeditado em 23/03/2018
Código do texto: T6287670
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