SORVEDOURO

Quanto há de cura numa dose de veneno?

Quantas noites aturas, de baixo do sereno?

Pois bem,

O envelhecimento precoce de minhas vontades,

Talvez, seja um palpite de minha ruína.

Como uma fera dilacerada por sua própria presa;

Em um medíocre convite, que não finda a neblina.

Um contraponto,

Á juventude tardia de minha tenacidade .

Ah, mas já era de se presumir, aliás;

Todos sabíamos!

Não haveria outro desfecho,

Destinado à mim. Mísero assaz!

Sou fraco...

Sou fraco, por saber que sou forte;

Ou sou forte, por saber que sou fraco?

Por fim;

Sou o acender de um estopim.

Eu morri.

Morri, afogado em meu próprio mar de melancolia.

Porque ainda insistem em cavar minha sepultura?

Sucumbi.

Não há o que fazer à essa altura.

Tudo que vês é mera miragem

Como a luz de um astro, que já morreu.

Padeceu,

Aqui jaz; o antigo eu.

Pois bem, mereceu!

Diga, adeus.

Melhor despojar- se de sua esperança.

Aquele arcaico flagelo,

Na eternidade descansa!

Num passado singelo,

De mais profunda abonança.

Agora, sou sentinela no vale da sombra da morte;

Assassino de peregrino,

Que se acha forte.

Negociei meu destino,

Abri mão de minha sorte.

No cessar de meu caminhar,

Que encontrei a glória de estar livre de mim mesmo.

Não ando mais a esmo,

Não mais...

Meu coração é uma gruta,

De imensa lacuna;

Vago em suma,

És assim por força bruta.

Não espero que alguém entenda;

Mas não me escapa nada por entre as fendas.

São ossos do ofício,

Sacrifício...

Não estou à beira do abismo;

Eu sou o próprio precipício.

David Wanes
Enviado por David Wanes em 29/04/2018
Código do texto: T6322552
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