SORVEDOURO
Quanto há de cura numa dose de veneno?
Quantas noites aturas, de baixo do sereno?
Pois bem,
O envelhecimento precoce de minhas vontades,
Talvez, seja um palpite de minha ruína.
Como uma fera dilacerada por sua própria presa;
Em um medíocre convite, que não finda a neblina.
Um contraponto,
Á juventude tardia de minha tenacidade .
Ah, mas já era de se presumir, aliás;
Todos sabíamos!
Não haveria outro desfecho,
Destinado à mim. Mísero assaz!
Sou fraco...
Sou fraco, por saber que sou forte;
Ou sou forte, por saber que sou fraco?
Por fim;
Sou o acender de um estopim.
Eu morri.
Morri, afogado em meu próprio mar de melancolia.
Porque ainda insistem em cavar minha sepultura?
Sucumbi.
Não há o que fazer à essa altura.
Tudo que vês é mera miragem
Como a luz de um astro, que já morreu.
Padeceu,
Aqui jaz; o antigo eu.
Pois bem, mereceu!
Diga, adeus.
Melhor despojar- se de sua esperança.
Aquele arcaico flagelo,
Na eternidade descansa!
Num passado singelo,
De mais profunda abonança.
Agora, sou sentinela no vale da sombra da morte;
Assassino de peregrino,
Que se acha forte.
Negociei meu destino,
Abri mão de minha sorte.
No cessar de meu caminhar,
Que encontrei a glória de estar livre de mim mesmo.
Não ando mais a esmo,
Não mais...
Meu coração é uma gruta,
De imensa lacuna;
Vago em suma,
És assim por força bruta.
Não espero que alguém entenda;
Mas não me escapa nada por entre as fendas.
São ossos do ofício,
Sacrifício...
Não estou à beira do abismo;
Eu sou o próprio precipício.