MONÓLOGO

e o primeiro ato tem início:

ela se posta no palco

que é seu próprio espelho

e começa a encenar a vida

num monólogo pra si mesma

tenta fitar seus olhos

nesse espelho tão cruel

pois a crueldade de se ver

a machuca, a limita

não está acostumada

a se enxergar por dentro

e o que vê de início

não lhe agrada nem um pouco:

há dentro de si vários monstros

que lhe causam certo pavor

o da angústia, o do medo

da culpa, da frustração

outro enorme, do rancor

e outro do ressentimento

sabe que tem de domá-los

e deixá-los se mostrar

porque só assim

conseguirá derrotá-los

e vencer essa batalha

contra seu inimigo maior:

o seu ego mais terrível

que dentro de si ainda insiste

em assombrá-la, em detê-la

então interpreta mais um ato

que é a sua descoberta:

tudo que há de bom

nesta que está no espelho

tem a chance de aparecer

e atuar junto com ela

e se surpreende com a beleza

até então oculta de si mesma:

enxergou-se um ser livre

uma mulher de sonhos e anseios,

repleta de amor e desejos

que ama, que beija, que sabe

o que fazer para "se" agradar

que se encanta consigo mesma

e com as pequenas coisas da vida...

e em seu ato final

pôde enfim representar

o seu próprio papel:

o de seu verdadeiro EU

sem nada mais a ocultar...

Francis Faria
Enviado por Francis Faria em 25/06/2018
Reeditado em 25/06/2018
Código do texto: T6373359
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