Domingo
Domingo, arquétipo da contradição
Silenciosa disputa entre o sim e o não
É paz e sossego, mas também é solidão
Entre os braços dos amantes é mansidão
Nos sonhos que lentamente morrem é desilusão
Na semana que se inicia é indefinição
Nos sonhos que o vento traz é ilusão
É perda na areia que escorre da ampulheta para o chão
Fé nas benesses e dádivas da estação
Parada estratégica do coração
Sono do vulcão em erupção
Apoteoso do talvez, da indefinição
É o vento sussurrando a canção
É a maré enchendo ou esvaziando a paixão
É o trem abandonado na vazia estação
É o repensar afogando a ação
É o erro implorando pelo perdão
É o tempo ministrando sua lição
É o enfrentamento da negação
A dificuldade de equilíbrio da razão
O questionar da dogmática religião
O descansar do insaciável tesão
O sangue arrefecendo a ebulição
O contra-feitiço quebrando a maldição
Lágrimas incontidas em vazão
É o seu jeito de cumprir sua missão ...
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