Memória
Hoje já não tenho mais a pretensão de mudar todo mundo, talvez só o meu
Não sinto nenhuma necessidade de fé, convivo bem com meu coração ateu
Não penso mais ter todas as respostas, no máximo algumas perguntas
Sei que o Amor é sublime,mas nem sempre é tudo para as pessoas ficarem juntas
Sei que a maioria dos castelos de areia não resiste as inevitáveis marés
Que a sorte não é onipresente e vive se alternando com o revés
Que o tempo não faz desaparecer a dor, mas ajuda muito a lhe esconder
Que perder e ganhar se alternam na balança ao longo do nosso viver.
Aprendi que nada, absolutamente nada é realmente eterno
As estadias são efêmeras, tanto no paraíso quanto no inferno
Promessas e juras são peças de cristal, frágeis e sensíveis
Anos-luz distantes de serem inquebráveis e indestrutíveis.
Descobri que os sonhos são prelúdio de uma realidade nem sempre concretizada
Que bruxas não antagonizam só princesas delicadas e encantadas
Que é quixotescamente bonito, mas pouco prático lutar contra moinhos de vento
Que apenas o próprio e mesmo assim nem sempre, entende a dor de cada sentimento.
Vi que nem todos os contos de fadas tem finais felizes
Nem toda plástica remove algumas marcas e cicatrizes
Que todos os retornos e voltas te levam para um novo lugar
E na maioria das vezes não é mais onde você queria estar.
Que cada ponto dito final marca um fim que nem sempre tem recomeço
Que por mais alto e absurdo, inevitavelmente todos temos um preço
Que não dá para apagar ou mudar o que fizemos com a nossa história
Nem remover os fantasmas e as mágoas que assombram nossa memória.