De algum louco poeta...

Faz tempo que não faço um bom poema

Mas as áves voam constantemente em minha mente

E às vezes eu rabisco o papel

Tentando descrever o que há de lindo nesse céu...

Mas minhas últimas tentativas foram em vão,

Parece que a poesia quer mesmo só brincar,

Elas não desejam que ninguém as mostre,

Permitem apenas que as vejam,

Mas, é o que parece, não se deixam desenhar.

Então eu ando em silêncio

E nesse mundo minha alegria é observá-las.

São minhas companheiras fiéis

E sei que nunca vão me deixar,

É por isso que sigo,

Mesmo quando é grande a vontade de parar.

Não há hora para elas,

Para elas não há dias, nem noites

E o seu mundo é sempre o mesmo,

O de sempre,

O mundo que foi criado no momento

Exato em que eu nascia,

Neste momento de que não me lembro,

Nasceu também toda minha poesia,

Essa que às vezes sinto tão fortemente,

Com se fosse um Ser etéreo a me acompanhar,

A me guiar pelo escuro do mundo,

Dando-me a força necessária para continuar,

E adiando sempre o momento de desistir...

Mas sem perceber,

Andando, pensando sozinho,

Vejo-me a me perguntar,

Desistir de quê?

E outras perguntas me vem,

Andar para quê?

Ir para onde?

Por que tenho que ser?

E são tantas as perguntas

Tantas agonias se acumulando em meu coração...

Porém, no momendo de maior angústia,

Assim de repente,

Seja qual for a hora e o lugar,

Ouço graças e risos,

Como se crianças estivessem a brincar...

Mas onde?

Olho para os lados

Para o alto

Para baixo...

De onde vem essa Alegria?

E como mágica, assim eu vejo

Que é uma brincadeira de poesias,

Poesias a escorregar e cantar,

Se enroscando letra por letra

Sempre um verso a transmudar,

E nelas há coisas alheias a qualquer idioma,

Coisas que só o coração humano pode aguentar...

Alumbrado...

Elas ficam olhando para mim

Quando paro para vê-las

E então não me sinto mais assim,

Tão cheio de dúvidas,

Tão carregado de peso,

E lentamente algo vai acontecendo,

Sinto-me cada vez mais transparente,

Tão mais leve que uma bolha de sabão,

Acontece entao que

Eu me transformo numa delas,

Como se esse fosse o meu obscuro segredo,

E a vida para mim,

A minha vida,

Não existe mais,

Sou agora aquilo que vaga

Na mente, e o que ás vezes sai

Da ponta de um lápis,

Da cabeça de algum louco poeta...

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 23/09/2007
Reeditado em 23/09/2007
Código do texto: T665094
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