açúcar mascavo

por trás da minha loucura

você tinha o nariz adunco

voava em uma vassoura

passava pela janela

e eu passando por ela

com a minha neurose ia junto

porém pensava na tela

que lhe trazia mais bela

em que você estava vestida

em que agora vinha esquecida

de seus desejos profanos

de enfeitiçar minhas virgens

em troca de atos mundanos

de só me deixar com as vertigens

de perpetrar minhas taras

desde que fosse em você

cheirar a calcinha de renda

como fiz em tantos anos

lamber os pelos pubianos

e neles as gotas do amor

inconfundível sabor

do gozo puro e soberano

ao qual me rendo e ufano

em reconhecer-me escravo

tal como o açúcar mascavo

contenta quem quer ter mais vida

prefiro lavar a ferida

pra que ela se cure sozinha

Rio, 27/09/2007