Banha(dor) do Eu

A água cai como cachoeira.
O ruido acalma como o de uma chaleira.
A sujeira desce pelo ralo.
O sabão limpa todo o cansaço.

A esponja é com afinco esfregada
Em cada canto do corpo em mágoa
Para toda a ferida ser cicatrizada
Com o sabão, o shampoo e a água.

O sabão passa por cada região
Desde o peito ao coração
Limpando o exterior e o interior
Como uma reforma completa de onde for.

Sou meu banha(dor), pois me limpo como ninguém
No banho uma pessoa que volta e meia não está bem.
Em toda noite ou tarde ou dia,
banha-se para a vida contínua.

Cada banho é uma conquista.
O sabão desimpregna.
O shampoo traz a consciência limpa.
O condicionador o sentir suaviza.

E a água como uma cachoeira
Lá do alto vem com sua fortaleza
Retirando todas as impurezas
Do cotidiano que atormenta.

 

A cachoeira do autoconhecimento limpa
O indivíduo que se permita
Tomar um banho em sua casa de luz
Em cada momento que de amor reluz.

Referência: A poesia não foi inspirada na pintura. Foi inspirada a partir da experiência e sensações ao tomar banho. Banhador - neologismo = aquele que limpa a sua dor com o seu banho. 
Comentário: Chegamos a 150 poesias aqui cadastradas. Obrigada por todo o apoio, amizade e feedbacks de sempre.
Pintura: Pintura hiperrealista - Alyssa Monks Smirks (EUA)

Beatriz Nahas
Enviado por Beatriz Nahas em 20/11/2019
Reeditado em 26/10/2022
Código do texto: T6799803
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