O último suspiro do último homem

No último suspiro do último homem

Há um terror que nos consome

Na última noite do mundo

Tem algo de tão profundo

No relance do último minuto do crepúsculo

O tempo parece minúsculo

O instante entre a expectação e a razão

O movimento final da criação

O que nos reserva o último ato?

Está escrito em algum contrato

Não espere muito de si e do mundo

Que já não lhe parece tão fecundo

Com dores de parto muitos partem

Alguns em pranto outros em canto

Todos sem ver o nascimento

Já não tememos tanto nossa própria ausência

Quando lembramos da ausência do mundo

O destino do homem do mundo

Está atrelado ao destino do mundo do homem

Mas não todos os homens

Pois nem todos são do mundo

E nem todos os mundos

Pois nem todos são dos homens

R R Vieira
Enviado por R R Vieira em 17/03/2020
Código do texto: T6889657
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