A agonia das máscaras
as máscaras ocultam as máscaras
sobre os rostos mutilados e sem cor
as bocas não têm mais a cor do batom
e alguns olhos não reconhecem os olhares
omissos pelo crepúsculo sombrio e febril
arrastamo-nos na mesma rua sem sentido
e evitamos as pessoas que acenam para nós
as salas mostram a ausência do riso e dos corpos
e seres entristecidos refugiam-se na própria solidão
se existir o lado bom por detrás dessa agonia
haverá esperança para o amor fraterno e irmão
que possa construir a inversão de um paradigma
o mundo está doente ausente e em fase terminal
o planeta sacode o corpo latente que se dissolve
e que escorre pelos nossos dedos quase sem vida
o que restará de nós depende da nossa escolha
e da capacidade de evitarmos o mal e as máscaras
a natureza sempre nos perdoou apesar do insano
deixemos os nossos escolhos seguir o curso do rio
para que se dissolvam num leito frio e sagrado
o mar é capaz de diluir e aceitar os nossos corpos
para que vençam a incerteza e a natureza da dor
e possam construir abrigos de certeza e amor