A agonia das máscaras

as máscaras ocultam as máscaras

sobre os rostos mutilados e sem cor

as bocas não têm mais a cor do batom

e alguns olhos não reconhecem os olhares

omissos pelo crepúsculo sombrio e febril

arrastamo-nos na mesma rua sem sentido

e evitamos as pessoas que acenam para nós

as salas mostram a ausência do riso e dos corpos

e seres entristecidos refugiam-se na própria solidão

se existir o lado bom por detrás dessa agonia

haverá esperança para o amor fraterno e irmão

que possa construir a inversão de um paradigma

o mundo está doente ausente e em fase terminal

o planeta sacode o corpo latente que se dissolve

e que escorre pelos nossos dedos quase sem vida

o que restará de nós depende da nossa escolha

e da capacidade de evitarmos o mal e as máscaras

a natureza sempre nos perdoou apesar do insano

deixemos os nossos escolhos seguir o curso do rio

para que se dissolvam num leito frio e sagrado

o mar é capaz de diluir e aceitar os nossos corpos

para que vençam a incerteza e a natureza da dor

e possam construir abrigos de certeza e amor

Mongiardim Saraiva
Enviado por Mongiardim Saraiva em 22/08/2020
Código do texto: T7043272
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.