Retornando...
Já perdi a conta de quantas vezes eu morri
Só sei que após cada uma, eu me reergui
Se existe alguma fórmula para isso, esqueci.
Morri a cada vez que o sol se despediu
A todo castelo no ar que construí e ruiu
Ao mais ínfimo desejo que entre brumas sumiu.
Morri quando entendi que não sou eterno
Quando percebi que havia conhecimento além do meu caderno
Que existiam outras estações além do verão e do inverno.
Morri ao beber do Amor na velha fonte
A entender que havia muito além do horizonte
Ao perceber que teria que descer depois de subir o monte.
Morri a cada mudança de maré ou lua
Ao me ver perdido no meio da rua
Ao perceber a verdade na sua forma mais crua.
Morri por inveja da primavera
Por lutar por uma antiga quimera
Por não suportar uma longa espera.
Morri quando não tive outra opção
Quando me faltaram forças e chão
Quando reconheci que a vida é uma ilusão.
Morri para que o ciclo se fechasse
Para que o Tao refizesse o encaixe
Para que minha essência perdida retornasse.