MÓRBIDAS VISÕES

Vejos pessoas tão desesperadas
Sempre buscando amores mais ardentes
Sempre chorando pelas madrugadas
E, sem querer, demonstram-se carentes.

Vejo pessoas tão angustiadas
Com ilusões de serem tão contentes
Em nome disso fazem só burradas
Tornando os corte fundos - contundentes.

Vejo pessoas tão alucinadas
Que deixam tudo em nome do amor -
Familía, herança - por ruas e estradas
Não se importando muito com a dor...

Essas pessoas - mais que apaixonadas -
S'expões a tantos - tantos vilipêndios
Qu'ao relerem as páginas viradas
Se sentem constrangidos dos compêndios...

Eu sei qu'é bom viver esse momento
Deixando aquelas frases complicadas
Essa paixão - maldito sentimento! -,
Deixa as pessoas tão embriagadas...

Às vezes têm até coisas bonitas -
Sim, dignas de cenas premiadas -
Mas quando vês de novo - quando fitas:
"Que papelão meu Deus - contos de fadas...

A realidade é dura - a realidade
Olhando para trás - para as estradas,
Onde deixei a gran dignidade?
Vergonha jaz agora enterredas..."

Essa pessoas dá-me desepero
Dá-me frisson -s as veias congeladas
Pois dediquei-me assim com tanto esmero -
Poucas recordações tenho guardadas.

Depois que passa o entorpecimento
Que cai-se na real - oh madrugadas!
Alegres, sonhadoras - que tormento
Lembrar daquelas outras humilhadas!...

Talvez foi bom, minutos de prazeres
Por ter vivido um pingo de alegria
Pobres dos homens, pobres das mulheres
Que no final acham melancolia

De tantos sanguessugas e vampiros,
Os sentimentos tornam-se escassos.
Sem retribuição quantos suspiros
Deixam os corações gelados - baços?

Não sabem mais amar - como eram antes
O coração não mais quer crer em nada
E pode-se tentar - vários instantes -,
A vida, às vezes -, arma uma cilada.

Que pra livrar-se dela - ó que difícil!
Uma cilada feita por si mesmo
É um duro martírio e sacrifício
Abusar da pessoa assim a esmo.

Um dia eis que se paga a conseqüência
Dos atos impensados - os absurdos
Que foram praticados sem clemência
Conselhos? - Se fizeram então de surdos

Vejo pessoas tãao desesperadas
Na morbidez de serem mais contentes
Já não agüento tantas madrugadas
De mórbidas visões - desses doentes.


     Março 99 - 18, dezembro - 2000.

Gonçalves Reis
Enviado por Gonçalves Reis em 27/10/2007
Código do texto: T711660
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