Tempos Insólitos

Tempos insólitos

Delasnieve Daspet

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Tempos insólitos. Como escrever poesias?

Os versos saem curtos; mas a dor se estica.

Provocam incisões como lâminas afiadas.

E as palavras, coaguladas, entopem os pulmões

De sangue não renovados. Já é tarde para mudanças.

Ser o que não fui nesta curva imperfeita em que me aprisionei.

Os erros que cometi me apontam nas esquinas.

Vejo, nos olhares que passam, a tragédia

Dos sonhos assassinados no lockdown

Desconheço-me ante a forma do conhecimento,

Reflexiono – o que é real e o que é imaginário?!

A nave está sem timoneiro. Quero descer.

06.02.21.