Vibração

palavra espaço palavra espaço palavra espaço

som silêncio som silêncio som silêncio som silêncio

Nas esquinas das palavras há espaços

Nas esquinas de mim, silêncio profundo

Silêncio suspenso sobre verbos ao léu.

Antes a suspensão, o estio

que chuva que se entrega a qualquer rio.

Porque o que de mim entrego

Não passa de "não sou",

O que de mim eu nego

É o ser que o "eu" anunciou.

Bem como o que se entrega em ondas

não é o mar,

O que se despede em degradê sereno

não é o sol,

O que escorrega em pétalas desperfumadas

não é o orvalho e nem é amor.

Porque atrás das árvores há sombra

E, nas florestas, enchentes de vida

onde as árvores se esqueceram de nascer,

preencher o que não é.

O vazio está cheio!

O silêncio está transbordando em palavras

E eu já quase explodo de meus espaços.

Só é o que não se entrega.

Só se entrega o que não é.

O vazio é?