SEM MEIAS PALAVRAS

SEM MEIAS PALAVRAS

Debruçados à beira do lago

Todos somos Narciso

Em seu perfeito egoísmo

A cada um vale escolher

Se vale mais o vazio do belo

Ou só o valor do senso estético

Bem, adentramos o universo do intelecto

E então as palavras tem outro peso

Narciso se revigora em ideias

Quanto mais pensamos mais sofismamos

Torcemos os sentidos para convencer

Ao outro de que temos brilho próprio

O poeta, coitado

Distorce a realidade

Em nome da beleza

Ou então, poetando ferozmente

Vocifera contra o outro e o mundo

Sem sequer ter a vergonha

De cumprir apenas um ofício

Em que talvez descubra um dia

Sua cabal inutilidade.

Magda L Carvalho
Enviado por Magda L Carvalho em 27/11/2021
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