SEGUIMENTOS


Entre passadas longas e descansos breves
Volito na celeridade dos ponteiros que giram
Das sombras teimosas que bailam incautas
Das areias que despencam nas profundezas abissais
Na ampulheta do tempo rampante

Em meio a quedas bruscas
E soerguimentos sofridos,
Respiro a neblina
Que embaça o vitral da vida
Como prenúncio de novo clarão

Sei que a serração
É sinal
Da noite
Que foi
Cumprida
Da noite
Que foi comprida

Mas calo-me
Ao vislumbrar novos sóis pela frente
E novas pedras pelo caminho
E busco o prosseguimento sem redomas que me protejam
Mesmo precipitando-me nas águas que cascateiam pela existência em eterno chafariz

Porque será preciso haver uma manhã em cada curva
Para que a estrada não sirva, exclusivamente, como caminho de volta... e que cada dia amanheça...feliz!