Contemplação

 

Aqui, nesse jardim

Onde eu me sento,

Não há espaço para os apegos.

Um dia flor, perfume, cor,

No outro, dor, miolo, chão,

Semente.

 

Um dia canto, voo, liberdade,

No outro, apenas

As penas pelo chão,

Corpo vazio de ave.

 

O sol nasce e se põe, todos os dias,

Mas nem isso é verdadeiro,

Pura ilusão, estarmos parados

Ou nos movermos.

 

Não há razão para a saudade,

Pois nada morre,

E nada nasce,

Tudo é passagem.

 

Eu penso ver todas as coisas,

Mas há mil coisas

Que eu nem enxergo

Ou imagino

Que esteja lá (mas onde é Lá?)

 

Esse jardim

Onde eu me sento,

Onde contemplo,

É como um templo

Que desafia

O próprio tempo...

 

(Que nem existe).

 

 

 

 

 

 

 

Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 01/06/2022
Reeditado em 01/06/2022
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