A Eterna
Moribundo no leito do nosocômio
Sendo nostálgico, narrando sua juventude.
Passantes há pensar mandá-lo ao manicômio
Arcaica voz afônica, sem plenitude.
Arauto da paz sepulcral, anjo celeste.
Pousa perto daquele que se mete
Entre lembranças, ausência de seu amor.
Mas na solidão de saber, sábio como cinza.
Mesmo sabendo que o fim se aproxima
Arpeja desarmônico á vinda celestina
Que o levasse para longe das dores
Não dores das moléstias que o assolam
Mas do terrível mal da saudade
Que com o passar de tua idade
Apenas lavrou a esperança dispersa
E implorou que deixasse única coisa
Única lembrança, de revela ainda me resta esperança.
As únicas coisas que o consolavam a vida
Que não fosse desperdiçada e esquecida
Como quem vive sem amar, deixasse essa lembrança.
Em sua beleza divina e altiva
Concordou e em resumida explicativa
Disse com clamor imponente
-Tu homem conheceste o amor verdadeiramente.
-E de todos os pecados e tormentos,
Não haveria paixões e nem argumentos
Que permitisse a ti tal reminiscência
Mas o amor verdadeiro lhe indica uma saída.
Pois então aceito, amigo celestial.
Disse o homem sem saber ao certo.
-Tu morrerás e renascerás com tal lembrança
Não saberás de onde vem nostálgico amor.
-O alivio para tua alma será a pena
E o preço de tua chance será a sina.
Que sinos dobrem, o que o amor profeta.
Pois tu nascerás poeta.
JOTA “Saudade do que nunca existiu”
AS MIL POESIAS,