Proibido

 

Meus passos

são do tamanho dos meus sonhos.

 

Uns, são preguiçosos,

só querem dormir,

mas sabem que um dia

precisarão acordar.

 

Outros, curiosos,

empurram-me ladeira acima

para terem o prazer de cortar a fita

e fazer Carnaval na linha de chegada.

Depois, persistentes que são, dizem-me:

“Anda, outras fitas te esperam!”

 

Há aqueles, faceiros e saltitantes,

que abrem-me os olhos

para o pulsar dos dias estampado

na criança que brinca inocentemente

e na pele enrugada do ancião,

carimbada pelos ciclos da vida.

 

Meus passos

são reféns dos meus sonhos.

Necessitam deles,

tal qual a folha que cai,

no momento certo,

para dar origem a uma nova estação.

 

Equilibro-me entre um sonho e outro

e movimento a roda da existência.

Nela, coloquei uma bandeirola

com o aviso:

“Proibido pisar no sonho!”

 

 

Maria Inez Flores Pedroso
Enviado por Maria Inez Flores Pedroso em 15/08/2022
Reeditado em 15/08/2022
Código do texto: T7583170
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