Carnes Nuas

restitúido à simples condição humana

tenho ao meu ser perguntado

qual o motivo de gana

para sem objetivo continuar

minha mente sufoca mil vontades

trazendo afiada a memória

das intrasponíveis dificuldades

que se atravessa sem glória

frio, moribundo desde o nascimento

é assim que se vai

amontoado de tripas e excremento

que não sabe por onde entra ou sai

tolhido de qualquer atributo,

carne flácida, fólego pouco,

de nada é sobra do bruto,

que era forte e menos louco

é animal sim, animal, animal

mas, sem a força de outrora

apenas refém de instintos é o tal

que o conduzem até agora

ainda que couraça, ou embrulho

de valores, que se joga ao vento

formando apenas pilha de entulho

que nos desperta de alguma forma tormento.

eu, réstia de réstia

fruto perdido, que não se encara

e finge ter modéstia

daquilo que de todos me separa

mar de amargor, comigo proponho,

atravesso ele a nado

e chegar a praia é sonho

é valor de fardo

e como reconhecer-me tão incapaz

pode fazer ver no outro

um canto de salva paz?

Dreamer
Enviado por Dreamer em 02/12/2007
Código do texto: T761611
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