Erros de outras vidas

 

 

A memória vigilante avista alguns sonhos

Uns do futuro, outros amargurados

De um passado distante.

Na curvatura maior do cérebro direito

Reaparece como alma, o refrão escondido.

Na janela da amplidão do subconsciente

Aparece-me novamente – cosas de outras vidas

Um vestido pálido cheirando à flor-do-campo

Um sorriso entristecido segurava a minha mão

Uma estrada de terra batida rumo à estação

Levava-me ao trem de uma viagem sem volta

Na janela da composição lágrimas corridas

Despediam-se da namorada para sempre.

Ao ver-te agora num canto escondido da memória

Quão covarde ao deixar-te ali toda sozinha

Delicada menina não mais donzela

Carregando no ventre a semente abandonada.

O esforço em vão do sonho para trazer-te à vida

Sepultou com lágrimas ao vento e, sem despedidas

O filho que jamais conheci. Na curvatura maior

Do meu lado inconsciente, grita no cérebro direito

A voz meiga e terna: não vá embora!

Por favor, não vai embora...

 

 

Paulo Cesar Coelho
Enviado por Paulo Cesar Coelho em 09/01/2023
Reeditado em 09/01/2023
Código do texto: T7690317
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