Merecimentos.
Quisera eu não ver o mundo da forma com que ele se me apresenta,
Pois é muito triste perder a confiança naqueles que mais te encantam…
Perceber que as flores murcham, Inclusive na lembrança,
E que a verdade, na verdade, se ausenta.
Quisera eu viver a vida no desprezível dom de iludir,
E sem trazer para mim o ardor das fatais irresponsabilidades,
Quisera eu o meu coração manteiga controlar e gerir,
E fugir das ilusões embutidas, nas bem construídas, artificialidades.
Mas, ainda sim, trago em mim as sagradas dádivas da intuição,
Que qual radar, capta de longe, possibilidades de desencantos,
Torna-se égide maciça e perfeita para meu despojado coração,
E antecipa o porvir de tramas causadoras do desperdiçar de prantos.
Quisera eu não perceber a dor, no fundo de um falso olhar,
Quisera não me perder nas formas, em que se apresenta a beleza,
Pular o poço dos desejos, eficientemente, sem me molhar,
E evitar, sem que de vez me torne, o almejado recanto da tristeza.