De Profundis

Assim me vejo: vislumbre, em alto mar,

De caudalosas frequências nostálgicas

E aqui em meu peito as memórias náuticas

Longínquas vêm ao meu contemplar.

Sopra ao rosto o vento norte; e pairam no ar,

Suspensas inda em véus de lágrimas,

Cristalinas e marítimas

E num entrelaçar às retumbantes batidas cardíacas, vêm áuricas

As vaporosas cenas do passado num sonar.

Distancio-me, e em meio ao sopro molhado perco-me,

Sou de todo corpo às ondas que me engolem lá dos céus

E à chuva que desaba pelo mar.

Oceano,

Das almas que desaguam em sentimentos

Eis tu o gargantuano.

Tu, eis tu,

Que em densidade e em abismo

Fulguras o azul

De profundis e divino.

Feixes de luz a iluminar:

Tentáculos refratados

Da sublime luz solar.

Sou dois mundos:

Habito o caos da tempestade

E a pompa e majestade

Do frenesi silencioso

Ao mergulhar.

(Gênnifer Gonçalves)

Gênnifer Gonçalves
Enviado por Gênnifer Gonçalves em 14/03/2023
Reeditado em 15/03/2023
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