Versos lucidamente incoerentes

A luz do escuro sempre brilhava

No canto do círculo quadrado;

O peixe, pelos céus, feliz voava,

E a água, na lareira, queimava.

As nuvens riam alto dentro do solo,

Enquanto o sol chorava em meu colo,

Os pássaros dançavam, alegres, no chão

E as formigas salmodiavam um sermão.

As árvores cantam alegremente,

E o vento geme uma canção triste;

As pedras uivam tudo o que existe,

E as lágrimas riam de si, veementes.

O tempo corria pelo rio ao contrário,

À medida que o espaço se quebrava.

Os espelhos refletem todos os vazios,

E o silêncio, aos berros, aos céus gritava!

Nada é tudo nesta doida vida,

Mas tudo parece tão belo e certo...

A loucura é a lucidez por certo,

E a sanidade é a estupidez dividida.

No final de tudo, resta apenas o nada,

Pois o nada é o todo de nossas estradas.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 28/03/2023
Reeditado em 28/03/2023
Código do texto: T7750744
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.