Eternamente.

Está tudo na balança

O passo do universo

Dança entre o concreto e o aço

Arquiteta espaço entre as estrelas

Exatidão termina

Onde germina a escolha

e recomeça na colheita

É preciso olhar a casa

Alguns instantes, dentro

Antes de abrir as janelas

Toda vela içada

Há de soprar pra todos

O seu vento ou não devido

Sem ruido ou pressa

Aos pássaros, eternamente

O céu nosso de cada dia

Sem nenhuma garantia que é de sol

Não importa quantos cravos há

Sempre haverá mais rosas

Ela nascerá mais linda

Às roupas no varal

Um pouco de calor te resta

E se ajeita, ainda

Trocar por dúvida, uma incerteza

Migalhas no caminho

Nunca vão fazer ninguém voltar

Muda a estação, folhas vivas

Pra morte, o facão

O tempo, o vento e o chão

Uma fase vivida, o momento

Pra qualquer quase vida,

a diária desistência

Igualmente contrária

Resistente, existe

Se houvesse algum pranto escondido

Assim permanecesse

Cada coisa em seu lugar

Quando a palavra

Que apesar

De repetidas vezes repetida

De repente

Ela não for ouvida

Grita mais alto a dor devida

Ao tenor, o contralto

O verso ao avesso

Uma grande verdade apenas

Partida em milhões

de mentiras pequenas

Em cada cor, a parcela de luz que lhe cabe

À escuridão, a vela

À vela, o vento.

A lição que te cabe, aprendida

Não dá pra entender quantas outras

Nunca tomaremos tento

Isso, é só Deus que sabe.

Edson Ricardo Paiva.