Buscai o fogo da vida
No vale verdejante onde o hálito do sol se põe,
Vislumbro um mundo além de minhas retinas.
Como plumas, seres dançam calmas sobre esquinas,
Enquanto a noite envolve o fruto que se decompõe.
Ouço murmúrios dos rios em seu fluir constante,
Vozes de ventos ancestrais que passam por mim.
As estrelas cintilantes, como joias divinas e amantes
Iluminam-me e guiam-me pelos vales de Abel e Caim.
Na escuridão sutil, seres e sensações ocultos emergem,
Anjos e demônios que vagam e habitam este e a todo lugar.
Uma pantera negra, com olhos brilhantes resplandecem
Um ruído sem alma, sem sombra, mas com graça singular.
Os ramos das árvores contam às pedras as histórias
Dos dias gloriosos, dos mistérios, do pranto e da dor.
Cada folha que cai é um poema escrito e perdido
Que ecoa sobre os rios, enchendo o coração de amor.
Sigo os rastros dos sonhos que se desfazem
Nas margens do tempo, onde o espaço se curva,
Onde querubins voam em asas incandescentes,
E os demônios vagueiam e sua fúria se aguça.
Nas entranhas da noite, as cores se misturam,
Revelando a beleza oculta da silenciosa escuridão.
Como um poeta aflito, capturo ruídos e momentos
Com palavras que ecoam na eternidade da canção.
Ó alma inquieta, como desejas tanto brilhar e voar
Pelos mares e areias do tempo e pelos céus bradar!
Contemplai o infinito, afagai o mistério a se desvelar
E deixai que o fogo da vida te inspire a viver e amar.