Minha panteística trindade

Nas margens dos rios onde a terra se esconde,

encontro os segredos que o mundo esqueceu.

Pedras, árvores e rios são a minha trindade

Onde minha alma mergulhou e amanheceu.

As pedras, testemunhas do tempo e da história,

Guardam esculpidas em sua pele a real memória.

As pedras são as flores das ruas da vida quentes

Onde chuvas, cães, passos e o Sol beijam diariamente.

As árvores são profetas calados de braços abertos,

E entrelaçam-se em valsas ao sopro do jazz do vento.

Seus galhos tecem gestos de sombra e luz certos,

E suas raízes se aprofundam no tempo lento.

Os rios são serpentes de água que serpenteiam,

Que carregam consigo as canções da natureza.

Com suas águas límpidas que pelo ar vagueiam,

Refletem os lábios azuis de sua transparente beleza.

Em cada pedra dorme uma palavra cheia de portas.

Nas árvores os versos macaqueiam como crianças.

Nos rios a poesia anda nas águas cheias da bonança,

Como o trovejante canto das árvores mudas e tortas.

Pedras, Árvores e Rios são a trindade encantada

Numa dança densa dentro da sombra do nada.

Pedras, Árvores e Rios são as raízes do Universo

Que criam do caos tempo, voz e a vida em Verso.

Gilliard Alves
Enviado por Gilliard Alves em 16/07/2023
Reeditado em 17/07/2023
Código do texto: T7838332
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