Forças contingenciais

 

 

Nossos afetos envelhecem.
É como o deserto que sofreu a primeira tempestade.
Somos frágeis e imaturos.
Sabemos algumas coisas,

mas nem sempre tudo que precisamos.

Nossos vínculos corroem.
Rompem-se silenciosamente durante a madrugada.

E lá se vai toda potestade.

 

Nossos sonhos desaparecem.
E esperança é apenas o nome de um inseto.

Na microscópia visão, não enxergamos a vida.
Na vida, não reconhecemos as milhares de coisas
que unidas compõem o universo. 
O multiverso, o panverso em suas galáxias lácteas ou não.

Não deciframos todo o dialeto.


Estendi a mão a você.
Estendi a alma até aquela sombra.
O sol passou.
A tarde surgiu.
Veio a noite e, trouxe as trevas medievais.
A reza ritualística.
O candeeiro...
O incenso de mirra...
E, manjedoura vazia 
nos fazia lembrar alguém.

E, se sucedem os vendavais.

 

A metafísica me fez construir pontes feitas de nuvens.
A lua brilhante e próxima nos fez pensar

em sentimentos soturnos...
A abrir o desejo e a esconder o lampejo de arrependimento.
Parti sem volta.

Por um milésimo de segundo, aparecera

um raio noturno.

Ou seria um sentimento?

 

Não olhei para trás.
Não deixei rastros nem vestígios.
Apenas tatuei em seu coração,
um pouco de minha presença...

Tudo foi conspiração de forças contingenciais.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/08/2023
Reeditado em 07/08/2023
Código do texto: T7856020
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