Alegoria dos Sentidos

Ao crepúsculo da escuridão

Serpentes peroladas vagueiam entre a relva

Corvos atravessam silenciosamente o firmamento estrelado

Gravita no ar uma seriedade inquisitorial e misteriosa.

Nessa obscuridade da entropia célere da luz

Emergem florestas de heras na alma de um Ser espectador

Este mesmo que ouve, sente, tateia e interpreta.

E sob torpor deste véu difuso

Desvanece o tangível, permanece o irreal...

Apenas mais uma distorção longínqua, inalcançável e subversiva

Uma visão ampliada da parca harmonia

Que, aos poucos,

Como envenenamento por doses homeopáticas

Permeia a percepção do fantástico e do possível

Dissolvendo ou realçando as fábulas de infernos e paraísos.

Mas qual é a visão, afinal?

A obscuridade? O jogo de espelhos com animais sombrios?

A magia trágica da paisagem? Ou a parábola destes versos decadentes?

Ora, essa é apenas a duplicação boçal da realidade

O portal que incita e reflete à dúvida,

Sobrevive em sua íntima pluralidade selvagem.

Laura Mancini
Enviado por Laura Mancini em 07/10/2023
Reeditado em 06/01/2024
Código do texto: T7903235
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