TRANSMUTAÇÃO

 

Agora, não importa,

A rota torta,

A porta fechada,

No meu semblante,

As dores do antes,

A cortante saudade,

O tudo que não deu nem nada,

A pesada realidade,

O descompasso da aorta,

O tanto que eu te amei,

O labirinto de Creta,

As vezes que eu errei.

Agora, não sou concreta,

Não sou santa, nem profana,

Sou o que eu não sei,

Talvez, nem seja humana,

Agora, importa as asas abertas,

Sobre a luminosidade do mar,

Importa ir... sem destino,

Entoar um libertário hino,

Deixar o mar me encantar,

Matizar meus sentimentos,

Compartilhar vida,

Brincar com as nuvens de cetim,

Ser movida,

Pelo enigmático vento.

Agora, não ter medo do sim, de mim,

Da altura, da lonjura,

Do que a adorável loucura,

Me propicia...

É sonho? Importa sonhar!

Me integrar,

À transcendência da poesia,

Olhar repleto de infinito,

Agora, eu me permito.