alheio

alheio a tudo

à aerodinâmica do meu nariz

da minha testa

ao que ela detesta

em mim

ao marfim

do dente de elefante

ao desimportante

sorriso da tarde

à opacidade da chuva

à cidade da uva

Catanduvas não é Niterói

a tudo o que dói

quando não estás aqui

aquele colibri

quando não vem beijar

minha flor preferida

a esses anos de vida

sem explicação

ao sabor da canção

que me fez mais feliz

a tudo o que quis

e não deu resultado

ao que tenho encontrado

e depois não liguei

a tudo o que sei

e de nada serviu

ao tolo ser vil

que ainda acho que sou

ao brilho do sol

que se vê da janela

ao que passa na tela

e depois se esquece

o cinema adoece

pois não se repete

o filme que a gente

protagonizou

Rio, 18/12/2007