A Volta de Afrodite
Sou sagrada e infame bênção
Que te liberta e te amordaça
Que te eleva e te golpeia
Que te alegra e te maltrata
Compreendam que fui denegrida
Fui alijada de meu destino
Refaçam seus conceitos de vida
Reglorifiquem o amor e o instinto
Libertem-se de seus grilhões
Agarrem a vida com toda a alegria
Não se enganem pelas convenções
Ignorando o que me desprezaria
Exilem seus pudores hipócritas
Enfrentem esta frígida lógica
Pasmem o mundo com beleza e ousadia
Partam em busca do amor sem agonia
É o beijo meu que te faz reviver
Ao místico, não ao cego e banal
Ao mundo de Eros e do prazer
Perdido nas mentiras da falsa moral
Lancem mão do respeito ao prazer
Lutem pelo direito de se tocarem
Não se esqueçam que são alma e carne
Neguem o prazer na vã libertinagem
Não se entreguem ao vazio da luxúria
E sim a um sacro processo, tal dádiva
A sintam como energia que lhes fulgura
O prazer é a mais deliciosa mágica
Respeitem a força da vida
Provem desta áurea vívida
Não se vendam à falsa crítica
Desprezem a demagogia típica
Quem lhes fala é Afrodite inflamada
Quem lhes fala é Afrodite renegada
Quem beija Afrodite não se entrega
Quem beija Afrodite não se nega