Cinzas e horas

Eu sou um eterno fogo

Queimando sem parar

Que não se sabe de que se alimenta

Mas quando nada tem

Minha alma vem queimar

E agora estou assim

O fogo no vazio não se faz

Não posso conte-lo

Não sou capaz,

Se o apago também morro

Então o alimento de mim

De meu ser temporal e fugaz

E o que sobra

Cinzas e horas

É ainda outra coisa indefinida

Essa coisa é que é linda

Porque em qualquer outra se transforma

Noutro ser

Noutras coisas vivas e mortas

E todas elas eu conheço

Da mais reta a mais torta

São reflexos de minha mente

Do ser que fui

Lembranças do eu das cinzas

Renascentes

Quando não tenho mais o que queimar

E ouço de minha alma os últimos

Gritos de terror

Abandono-me

E vou pro espaço

Pro espaço eu vou

Mas quando a temperatura está amena

Minha alma

Um ser que pena,

Mas que jamais morre

Não tem visão pequena

Ressurge mesmo dali

De onde ninguém poderia imaginar

Que um ser mais puro pudesse surgir

E então me lanço outra vez no mundo

Mas não vou pelas beiradas

Vou pelo meio, por cima, pelo fundo

Não vivo a vida de forma enganada

Eu sou extremo, sou profundo

E vou atrás de amor

Visito todas as áreas

Ermas ou habitadas

E converso com as pessoas

E Sombras

E bichos e arvores e pedras

Como em busca de pista da coisa procurada

E pode levar o tempo que for

Muitas vezes já morri

E ainda posso morrer

Mas por amor

Minha alma será eternamente

Reavivada!

Sebastião Alves da Silva
Enviado por Sebastião Alves da Silva em 18/03/2008
Código do texto: T906424
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