DESILUSÃO
I
A democracia
É um quadro vermelho
Pintado de azul
Exposto em sala sombria.
II
Os amigos,
Sementes transgênitas
Que germinam em solo cotidiano
E fenecem no caos urbano.
III
Os filhos,
Vultos no espelho
Que nos assombra, nos desgoverna, nos envaidece
E não nos deixa esquecer que o tempo passou.
IV
A boemia,
Uma amante infiel
Espalhafatosa, depravada e repressora,
Mas de cumplicidade espartana.
V
A Poesia,
Uma paixão doentia
Que se nutri de amor platônico
E se embriaga de solidão.