Poetrix 83 = ROTINATRIX
Acordo de um sono profundo
Ponho os pés no tapete
E desembarco de volta ao mundo
Com a natureza premindo
Vou ao banheiro
Ainda meio dormindo
Banho tomado, dentes escovados
Desço as escadas
Olhos ainda meio colados
O café, o primeiro cigarro
Olhos já bem abertos
O primeiro pigarro
Nem de bom nem mau humor
Ainda não penso
Ligo o computador
E-mail? Será que tem algum?
Boas notícias, quem sabe?
Puxa! Nada...Nenhum...
Vamos ao site onde escrevo...
Leram... Não leram...
Ôpa! A mensalidade eu devo...
O telefone toca suavemente
Atendo sabendo quem é:
Um cliente
O telefone toca com estridor
Também sei quem é:
Cobrador.
Quanto o telefone toca e cai a linha
Já sei
Era a Amada Minha.
Tento ligar. Problema crônico
Não consigo falar
É o tal ‘Atendimento eletrônico”
Vou ao banco buscar dinheiro
Fila de idosos enorme
Os jovens atendidos primeiro
Tento o caixa eletrônico. Em vão
“Este terminal
Encontra-se em manutenção”
Dirijo-me a outra agência, apressado
Outra fila, pra variar
E “seu saldo ainda está bloqueado..”
Paro meu carro no posto de gasolina
E a seu tanque chegam
Querosene, álcool, e talvez creolina
Saio com carro tossindo, engasgando
Mal consigo em casa chegar
“Ôi, bem, estava te esperando...”
Ela espera por mim e tem razão
Não há em casa
Nem um quilo de ração
Saldo bloqueado, talão esgotado
No pet-shop o aviso
“Não insista: não vendemos fiado.”
Não ligo para o aviso pendurado
A moça do caixa sempre ri comigo
E anota pra mim o fiado
Trabalhei, andei, dirigi, rodei
Falei, ainda nem almocei,
Mas foi mais um dia em que ganhei
Ganhei sorrisos, ganhei amizades
Ganhei clientes e leitores,
Escutei mitos, aprendi verdades
A noite chega e com ela o cansaço
Faço um balanço
E às vezes me felicito, me abraço
Felicito-me, imodesto, com fervor
Distribui o que tinha de Humor
Que tem sessenta por cento de Amor.
(Divida por cinco a palavra Humor
Vinte por cento cada letra vale
Não dá sessenta por cento da “Amor”?)
Acordo de um sono profundo
Ponho os pés no tapete
E desembarco de volta ao mundo
Com a natureza premindo
Vou ao banheiro
Ainda meio dormindo
Banho tomado, dentes escovados
Desço as escadas
Olhos ainda meio colados
O café, o primeiro cigarro
Olhos já bem abertos
O primeiro pigarro
Nem de bom nem mau humor
Ainda não penso
Ligo o computador
E-mail? Será que tem algum?
Boas notícias, quem sabe?
Puxa! Nada...Nenhum...
Vamos ao site onde escrevo...
Leram... Não leram...
Ôpa! A mensalidade eu devo...
O telefone toca suavemente
Atendo sabendo quem é:
Um cliente
O telefone toca com estridor
Também sei quem é:
Cobrador.
Quanto o telefone toca e cai a linha
Já sei
Era a Amada Minha.
Tento ligar. Problema crônico
Não consigo falar
É o tal ‘Atendimento eletrônico”
Vou ao banco buscar dinheiro
Fila de idosos enorme
Os jovens atendidos primeiro
Tento o caixa eletrônico. Em vão
“Este terminal
Encontra-se em manutenção”
Dirijo-me a outra agência, apressado
Outra fila, pra variar
E “seu saldo ainda está bloqueado..”
Paro meu carro no posto de gasolina
E a seu tanque chegam
Querosene, álcool, e talvez creolina
Saio com carro tossindo, engasgando
Mal consigo em casa chegar
“Ôi, bem, estava te esperando...”
Ela espera por mim e tem razão
Não há em casa
Nem um quilo de ração
Saldo bloqueado, talão esgotado
No pet-shop o aviso
“Não insista: não vendemos fiado.”
Não ligo para o aviso pendurado
A moça do caixa sempre ri comigo
E anota pra mim o fiado
Trabalhei, andei, dirigi, rodei
Falei, ainda nem almocei,
Mas foi mais um dia em que ganhei
Ganhei sorrisos, ganhei amizades
Ganhei clientes e leitores,
Escutei mitos, aprendi verdades
A noite chega e com ela o cansaço
Faço um balanço
E às vezes me felicito, me abraço
Felicito-me, imodesto, com fervor
Distribui o que tinha de Humor
Que tem sessenta por cento de Amor.
(Divida por cinco a palavra Humor
Vinte por cento cada letra vale
Não dá sessenta por cento da “Amor”?)