Eu e os predadores políticos

É da perspectiva do tamanduá, que observo o vida passar.

Mas que bandeira é essa, que me fizeram adorar? Quanta besteira ainda terei de ouvir, andes de tudo mudar ou de eu poder parar e pensar?

Falsifiquei a cor de minha pelagem, para fugir aos predadores demagógicos que mesmo sorrindo para mim, e me dando tapinhas nas costas só querem meu voto e me cozinharem depois numa panela gigante com outros tantos tamanduás.

Vou embora pra Nova York. Mas lá, as coisas são tão feias como cá. Aquí pelo menos tem palmeiras, até o povo resolver derrubar.

Sou um tamanduá apreensivo, porque tamanduá esperto, não dá moleza pra malandro. E assim, sem saber se vivo lá ou se vivo cá, é que jogo a pedra no telhado alheio, e escondo a mão.

E o que pode um tmanduá mediano, de pelagem disfarçada, contra predadores tão risonhos e festivos? Essa cambada de gente que aparece do nada, como ninjas, em plena época de sucessão.

Vou pedir asilo no círculo polar ártico. Prefiro correr o risco com os ursos polares. São menos agressivos do que os predadores que trocam dentaduras por votos.

E você achava que vida de tamanduá é fácil.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 26/05/2008
Código do texto: T1005648